sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Nasceu! (Aula 14/02)

A décima aula teve basicamente dois objetivos: começar a pensar nos figurinos e dar nomes aos palhaços. Os nomes foram pensados entre Renata e eu, sempre brincando com as características dos próprios alunos (sejam físicas ou comportamentais). Para os figurinos, como eu citei no relato passado, entregamos um convite para cada aluno, para uma festa de palhaço. As recomendações eram trazer uma roupa que cada aluno se sentisse bem, elegante, e que a roupa fosse escolhida somente por ele, sem intervenções da família. Renata e eu levaríamos mais algumas peças de roupa que julgássemos adequadas (blazer, bolero, camisa social, gravata, suspensório, chapéu...) e montaríamos, junto com eles, uma primeira opção de figurino para cada um.

Um dia de fortes emoções!

Assim que entramos na sala, colocamos as nossas peças de roupa espalhadas no chão e orientamos os alunos que fizessem o mesmo. Dos sete alunos presentes, quatro levaram suas roupas. Começamos a negociar algumas mudanças para os que levaram e as roupas para os que não levaram, e aí que vem a história... Foi um trabalho do tamanho do mundo para fechar essas roupas! Cheios de vontade, esses alunos. “Eu não uso preto. Não uso.” “Eu não vou botar esse casaco. Ele é muito quente.”

Foi um tal de “não quero”, “não vou”, “não gosto”... Eu olhava pra Renata e ela me olhava de volta com caras de “Como assim???”. Para ilustrar: L., que não levou nada, reclamou tanto que a única coisa que aceitou usar foi um enfeite na cabeça. Enfim, por fim e finalmente conseguimos entrar em um acordo, pelo menos naquele momento.

Os alunos saíram da sala para se arrumar enquanto Renata, eu e Luisa (querida amiga que foi pela segunda vez pra tirar fotos) arrumávamos a sala com cachos de bexigas coloridas. Acho que essa decoração foi mal planejada. Primeiro, porque levamos um tempo grande para encher as bexigas – e nem enchemos todas. Teríamos que ter chegado bem antes, deixar a sala pronta, ver as roupas do lado de fora para então começar a “festa”. Mas atrasamos e, bem, mudança de planos. Segundo, porque a sala é grande e um pacote (ainda que fosse todo) de balões não faz tanto efeito. Para criar o clima que queríamos, de festa, comemoração, diversão, precisávamos de mais balões, faixas, confetes etc. Mas vamos lá.

Renata e eu também improvisamos uma roupa de festa e colocamos o nariz, para recebê-los de palhaças. Está aí outro problema no nosso planejamento. Programamos o dia do figurino e do batizado numa mesma reunião em que programamos mais duas aulas. Acho que ficamos tão empolgadas criando os nomes que não damos a devida atenção aos cuidados com os preparos para a festa... Não ficou claro, pra mim, que eu estaria de palhaça (usei um nariz de Renata), ainda que na hora eu concordei sem pestanejar que seria realmente a melhor opção. E não ficou claro, pra nenhuma das duas, como seria essa roupa de festa. São as roupas tradicionais das nossas palhaças? Roupas de festa pras palhaças? Roupas nossas? Roupas improvisadas? Já que não estava nada fechado, improvisamos então.

Prontas, fomos à porta da sala para receber os nossos convidados. Renata me disse algo como “segura essa energia porque hoje tá difícil...” (não nessas palavras, mas a idéia foi essa). Abrimos a porta e começamos a festa (ao som de salsa!). A festa demorou pra animar... Velcra, a palhaça de Renata, tentava a todo custo subir a energia dos nossos convidados enquanto Floricota (minha palhaça) contornava as crises com o figurino que ainda existiam: era um reclamando, outro querendo se trocar... Passadas as crises, começamos nossa programação do dia.

A primeira parte da festa foi, claro, a dança. E aí começamos de verdade! Após um dançar tímido e meio desanimado do grupo, partimos para aquela conhecida dinâmica de cada um vai ao centro da roda para dançar. E foi super interessante. Acho que nossa animação desajeitada conseguiu contagiar os participantes, que passaram a se sentir mais à vontade com suas roupas. Surgiram danças diferentes, mais desinibidas que em outras oportunidades. Passamos ao grupo uma dança circular, que pensamos em aproveitar na saída dia 23. Pisadas e tropeços à parte, até que aquela turma de palhaços se saiu direitinho executando os mesmos passos.

A reação deles foi excepcional. Tanto do palhaço que recebia o nome, como dos que assistiam. Risos, sorrisos, olhares encantados. Os nomes foram muito bem recebidos! Ufa! Deu certo! Já pensou se tivesse crise de nome? Iríamos trocar? Fazer o que? Felizmente não precisamos nos preocupar com isso e aqueles nomes e sobrenomes, que chamavam atenção para o tamanho de um, o andar mancado de outro, foram aceitos com alegria. A alegria de ser quem é.Chega, então, o grande momento do dia: o batizado! Pensamos com tanto carinho em cada um dos nomes... Eu estava muito ansiosa para ver a recepção deles e, a essa altura, nervosa, porque o figurino já havia sido bem delicado.

Todos num canto. Um por vez e desfilar em diagonal pela sala ao nosso encontro, exibindo seu visual novo, roupa nova e preparando-se pra receber seu nome. Chegando lá, criamos (na hora!) o nosso ritual de batizado. O palhaço vira para o grupo, Velcra e Floricota põem a mão na cabeça dele e dizem, como num jogral: “Nós, palhaças, declaramos que VOCÊ existe. E a partir de agora irá se chamar...” E dizíamos o nome de cada palhaço.

Após o batizado, repetimos a dança circular e o “Marcha, palhaço”, para relembrar os comandos.

Na avaliação, ouvimos o que os alunos tinham a dizer sobre seus nomes e suas roupas. As roupas ainda pediam alguns ajustes, que seriam resolvidos nas aulas seguintes. Sobre o momento do batizado, A., o que na aula passada conversou sobre sua timidez, disse com o maior sorriso do mundo: “Eu me senti subindo num altar.” E. completa, sorrindo igual: “É... E eu descendo de um altar!” Rsrsrs Figuras...

Fica aqui o nome dos palhaços. Não vou justificar a escolha de cada um, porque isso leva um tempo... Deixo para a minha dissertação!

A. – Seu Feijão Minguinho

R. – Forestino Comcerteza

J. – Basquetino Roial

N. – Pochente Mão-de-aço

L. – Charmosilda Coxuda

E. – Pontualdo Sentaí

G. – Garrafinha Meliga


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Fotos por: Luisa Saad

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